domingo, 30 de junho de 2019

A História do Aquarismo


E ai amigos vamos falar um pouco sobre a história do Aquarismo e da piscicultura, vamos falar um pouco sobre como surgiu e como se tornou uma praticar tão amada até os dias de hoje. Depois de muito pesquisar vemos que o Aquarismo começou por volta de 3.000 A.C. com os antigos sumérios.

No início a criação de peixes era em açudes às margens dos rios Tigre e Eufrates e em tanques apenas por razoes praticas para alimentação.
Foi no antigo Egito por volta de 1,700 A.C. que começou a ideia de além de serem criados para a alimentação eles passaram a ser estudados sendo observado o comportamento dos peixes que eram colocados em grandes tanques feito de argila cozida com a frente em vidro. Os sacerdotes egípcios descobriram que poderiam prever as mudanças do rio Nilo observando as mudanças de comportamento dos peixes. O rio Nilo era a base de toda a civilização no Egito logo tudo referente ao Nilo era considerado sagrado, inclusive os peixes.
Representação em pedra de um peixe do gênero Oxyrrhynchus, considerado o peixe que representa a virilidade do Deus Osiris. Fonte: egyptologist.org
Logo o fascínio sobre a beleza dos peixes acabou conquistando admiradores, e os tanques tornaram-se requintados, passando a fazer parte da decoração de palácios e templos, Os grandes templos e palácios sempre tinham pelo menos um grande lago com peixes.
 
Ilustração do lago do Harém do palácio de Akhetaten, atual Amarna Fonte: touregypt.net
 
 
À semelhança de muitas outras áreas, a civilização grega herdou muitos dos conhecimentos e práticas dos egípcios. Assim, também os peixes continuaram a ser alvo de observações mais ou menos científicas. Aristóteles também dedicou parte do seu estudo científico a esta temática; os peixes de aquário foram estudados e classificados em mais de cem espécies diferentes, com base nos peixes existentes no mar Egeu. O peixe era um dos alimentos mais apreciados pelos Gregos Antigos. As fortes ligações comerciais com os egípcios e sua vocação nata às águas levaram a construções de lagos decorativo, muitas vezes marinho, às construções gregas, mais tarde aos romanos, inclusive construindo arenas de água marinha, aonde escravos eram atirados às lampreias, peixes muito primitivos e parasitas, que matavam pessoas com os mesmos atrativos que os leões e tigres do Coliseu, em Roma, e outras arenas No entanto, os tanques de vidro talvez já fossem usados com intuito ornamental. Não há,contudo, evidências cientificas fiáveis no conhecimento arqueológico.
 
Os povos romanos, Também se apaixonaram pelos costumes da prática do aquarismo. Existem vários testemunhos arqueológicos que dão conta, em pleno império romano, da existência de vasos de vidro - especialmente nas casas mais abastadas - com pequenos peixes de aquário mas também tanques com exemplares de grandes dimensões. Esta adaptação do peixe para funções estéticas talvez tenha a ver com a pouca apetência dos romanos para incluírem o peixe na alimentação.
Com a queda do Império Romano e o triunfo dos reinos bárbaros cristianizados, as estruturas económicas da Europa entraram em declínio e a pobreza material invadiu o velho continente. O triunfo do cristianismo espalhou-se pela Europa. Neste contexto, a aquariofilia parece ter entrado num período mais obscuro, talvez relacionado com o facto de o peixe ser um símbolo cristão, de tal forma que a sua criação em cativeiro deixou de ser considerada um hábito “nobre”.
Este contexto alterou-se um pouco no final da idade Média, em resultado das viagens de Marco Polo no século XIII. O viajante genovês terá trazido do oriente testemunhos de práticas orientais (dos chineses) que criavam peixes em tanques de vidro. Este fascínio centrava-se numa espécie de peixe criado em cativeiro e que até aí era desconhecido na Europa: o Carassius Douratus (peixe dourado), também adotado pelos japoneses, ao qual davam o nome de peixe japonês.
 
Mas o Aquarismo como conhecemos nasceu realmente na China durante a Dinastia Tang, entre os anos de 618 a 917 D.C., enquanto a Europa padecia sob as pestes, as guerras entre as centenas de feudos e as cruzadas, sobre os destroços do império romano. 
Mesma época do auge do comércio entre o Oriente e o Ocidente, principalmente para fornecer seda e temperos à burguesia e realeza europeia, também do descobrimento da América. Apesar de não ter sido o primeiro ocidental a percorrer a rota da Seda, Marco Polo foi o primeiro a ser recebido na corte do imperador ChinêsKublai Kan. De volta à Itália, relatou ao mundo ocidental em seu livro “A Viagem” as maravilhas do oriente, dentre essas maravilhas, os aquários e lagos chinês.
 
 
No século XVIII, finalmente o aquarismo chega timidamente à Europa, enriquecida pelos séculos de exploração de suas colônias orientais, americanas e africanas. No século XVI, o cientista sueco Carl Von Linné, Linneu “para os íntimos”, responsável pelo sistema de classificação dos organismos vivos, a taxonomia, foi um dos grandes responsáveis pelos primeiros estudos aquariológicos e impulsionador do aquarismo, já que mantinha em seu laboratório tanques de vidro onde mantinha os espécimes de peixe que estudava vindos de todo o mundo.
 
Porem Foi provavelmente no início do século XIX que surgiram os aquários que hoje conhecemos. Até então, só há registros de peixes criados, durante alguns anos, em frascos de vidro. O ponto decisivo deu-se em 1850, quando R. Harrington apresentou um relatório à Chemical Society de Londres, Inglaterra, descrevendo a forma de como conseguia manter com êxito um peixe dentro de um vidro. Ocaso despertou grande interesse e lançou a “aquariofilia” como um passatempo que se começou a se tornar muito popular.
 
Em 1852, a London Zoological Society, iniciou a construção do primeiro aquário público, inaugurado no ano seguinte. Seguiu-se um segundo nos Zoological Gardens de Surrey, também na Inglaterra, antes de surgirem por toda a Europa grandes aquários públicos de água doce, exibindo exemplares nunca vistos, admirados por filas intermináveis de visitantes curiosos.
Aquário do Zoológico de Londres, em 1857 Fonte: parlouraquariums.org.uk
 
 
 
Entre 1860 e 1880, fora publicado o primeiro livro ocidental sobre aquarismo, The Aquarium. Its Inhabitants, Structure and Management, de autoria de J.E. Taylor. Mesmo período em que Pierrer Carbonier introduziu uma série de peixes asiáticos, dentre eles, Trichogaster, Colisa, Peixes-do-Paraiso e Betas, em 1878 já se reproduzia Corydoras paleatus na França!
Capa da primeira edição do livro The Aquarium. Its Inhabitants, Structure and Management. Fonte: aquarticles.com
 
 
Os primeiros aquariófilos amadores mantinham apenas peixes indígenas. Nas cidades costeiras, tentava-se a criação de espécies marinhas, enquanto no interior praticamente todas as espécies de água doce era mantidas em cativeiro. Embora os peixes de água doce fossem, em geral, mais acessíveis e populares, os livros sobre peixes escritos na época tratavam sobretudo de peixes marinhos de águas frias. Como não havia tanques já prontos à venda, publicavam-se livros com instruções detalhadas sobre como construir um aquário. Essas estruturas eram, em geral, mais decorativas do que funcionais. Num dos modelos clássicos, a parede da frente era de vidro e as outras de madeira.
Em pouco tempo, a aquariofilia transformou-se num desafio, não só à imaginação do público como também à dos entusiastas interessados em manter aquários cada vez mais ambiciosos. Em 1857, H. Noel Humphreys publicou Jardins em Oceanos e Rios – História dos Aquários de Água Doce e Salgada, onde afirmava: Um dia teremos aquários tropicais, onde a temperatura e características dos mares dos trópicos serão reproduzidas com êxito”.
Ele não só previu a invenção do aquecedor e do termostato, que permitiriam expandir gradualmente a gama de criaturas possíveis de manter num aquário, como foi, também, um dos primeiros a reconhecer a importância da química na criação de peixes. Além disso, reconheceu um princípio que ainda hoje é, muitas vezes, ignorado pelos aquariófilos: O GRANDE NUMERO DE PEIXES EM UM PEQUENO ESPAÇO DENTRO DO AQUÁRIO.
 
Embora o seu interessante tanque não parecesse lotado, ele veio a descobrir que ultrapassara o limite de ocupação e que as criaturas não conseguiam adaptar-se a viver numa área de dois centímetros quadrados para cada indivíduo.
 
 
O Aquarismo no Brasil
 
Em 1922 o Brasil conhece sua primeira exposição de peixes, na Exposição da Independência, na qual os japoneses exibiram seus belíssimos exemplares de carpas e kínguios em aquários, causando impacto e despertando interesse de muitas pessoas. Essa atividade por aqui era inédita.
Na Alemanha já havia um considerável desenvolvimento aquarístico: aquecedores aperfeiçoados, primeiros filtros desenvolvidos e criação de peixes em cativeiro (o que ocorria também nos Estados Unidos).
Em 1934, um alemão radicado no Brasil fundou a primeira loja especializada em peixes ornamentais.
Atualmente a tecnologia aquarística mundial encontra-se muito aperfeiçoada e em franco desenvolvimento, principalmente nos Estados Unidos e Alemanha (detentores de tecnologia de ponta), o que nos permite criar de um simples peixe-japonês até um complexo aquário marinho com delicadíssimas espécies de corais, esponjas, outros invertebrados e peixes.
***
Desde quando surgiu o Aquarismo até bem pouco tempo atrás, a grande maioria dos peixes que víamos nos aquários eram capturados em seu hábitat. Com a demanda cada vez maior, algumas das espécies mais comercializadas foram reproduzidas em cativeiro, como kínguios, carpas, lebiste (Poecilia reticulata), espada (Xiphophorus helleri) etc.
As técnicas foram sendo cada vez mais aperfeiçodas, e hoje temos criações profissionais de várias espécies. Porém, algumas espécies como neon (Paracheirodon spp.), aruanã (Osteoglossum bicirrhosum), poraquê (Electrophorus electricus) etc. não compensa criar em cativeiro, pois a produção e o índice de sobrevivência são muito baixos, além do alto custo. O homem decide, então, retira-los em larga escala de seu hábitat sem, no entanto, tomar os devidos cuidados para a preservação da espécie. De cada 4000 neons retirados da Amazônia, por exemplo, menos de 500 conseguem viver mais de 1 ano em aquários. É uma proporção assustadora, ainda mais quando pensamos que, desses 4000 espécimes, 2000 morrem antes de serem vendidos. Isso porque a metodologia empregada na captura e transporte é totalmente arcaica, sem contar que muitos coletores não se importam com a saúde e bem-estar desses peixes, importam-se somente com o maior lucro possível. Outro exemplo que merece ser citado é o do aruanã: para comercializa-lo, os “peixeiros” capturam os alevinos ainda com saco vitelínico. Com todo o stress que sofrem durante a viagem, apenas 25% dos peixes capturados sobrevivem. Desses, apenas 20% conseguem viver mais de 6 meses em aquários. Ou seja, de 100 animais capturados, apenas 5 sobrevivem. Felizmente, notamos que as autoridades estão fazendo o possível para reverter essa situação, ainda que as ações sejam demasiadas vagarosas, em termos legais.
Nós aquaristas devemos ter uma grande variedade de espécies em nossos aquários, mas também devemos nos preocupar, sobremaneira, com a perpetuação dessas espécies. Aperfeiçoar as técnicas de reprodução em cativeiro e os métodos de captura são apenas dois dos itens a serem melhorados.
 
Você pode começar a preservar a existência das espécies, por exemplo, não comprando peixes em extinção, ainda mais com procedência ilegal ou duvidosa. Adquira essas espécies de criadouros legalizados pelo Ibama. Faça sua parte, sendo um aquarista consciente!
Fonte: Netuno Aquarium
 
 
 Infelizmente ainda existe algumas pessoas que consideram o aquarismo com uma forma de extinção para peixes raros, o que no meu ponto de vista isso não é correto afirmar. Para mim hoje em dia nós deveríamos agradecer aos aquaristaspor salvarem as espécies que poderá entrar em extinção daqui uns anos. 
       Com a evolução e a devida exposição do aquarismo nós podemos dizer que somos salvadores da natureza, pois hoje podemos obter boas maneiras de como criar um meio adequado à cada tipo de peixe que quisermos criar.
       O que precisamos fazer é demonstrar para essas pessoas que de maneira nenhuma estamos devastando as espécies e sim dando uma oportunidade para que se reproduzam e que se salvem por si só. 
       Por isso sempre digo que o aquarismo não é um simples hobby, não é apenas colocar um peixinho dentro de um vidro para ser visto por outras pessoas. Não! O aquarismo é sim um hobby só que mais que isso, é uma paixão. É você pegar um peixe e criar um habitat para ele, é você se dedicar, é amar, é sinceramente se entregar de corpo e alma para obter o necessário que possa precisar. É estudar, é passar noites em claro pesquisando, é doar-se inteiramente para um hobby que daqui uns anos será visto como salvação.
      Se você é aquarista de coração, não se intimide se alguém disser que está acabando com a liberdade de um ser. Erga a cabeça e responda que daqui uns anos quando o homem acabar com a nossa natureza, que será esse aquário que provavelmente seus filhos ou netos poderão conhecer. Que será esse aquário que terá salvado espécies, e terá feito reprodução de muitas delas que provavelmente não existirão mais.

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